Rio Paraíba do Sul. |
Decidi discorrer neste
espaço virtual um pouco a respeito da realidade do nosso precioso rio Paraíba do Sul
porque entendo o momento delicado em que a região vive no tocante à
transposição das nossas águas para a região metropolitana de São Paulo. Logo de
início peço desculpas por me reportar ao rio como sendo “nosso”, uma vez que
tenho consciência de que a água é um bem universal, Constitucional e todo ser
vivente tem direito a ela. Contudo, nós moradores varzeiros, (ribeirinhos somente
os que vivem às margens do rio Amazonas) aprendemos a amar o rio Paraíba do Sul
pela importância econômica, social e cultural que este representa para o Vale
do Paraíba. Esta relação, tão próxima e dependente, fez nascer em nós um forte
sentimento de propriedade. O rio Paraíba do Sul nasce no coração do Valeparaibano, fora dali ele é um rio que se forma a partir da junção das águas do
rio Paraitinga- que nasce na Serra da Bocaina,em Areias- e do rio Paraibuna, no
município de mesmo nome. É um rio Federal porque percorre e abastece os Estados
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Isto é o mínimo, o básico que
devemos saber a respeito de um rio que hoje é pauta nas mídias locais e que nos
abastecem com discursos de “transposição com responsabilidade social e
ambiental”. O governo do estado é o principal dono do discurso das aspas
anterior. Conhecemos através da história que o Vale do Paraíba sempre
contribuiu para a riqueza do Brasil, principalmente para o estado de São Paulo.
Dessa forma a região tornou-se autossuficiente e ingressou na modernidade
seguindo um processo linear muito comum no sistema capitalista- extração,
produção, descarte. Mas como para toda ação existe uma reação, o conflito se
estabeleceu aos sistemas nele incluso, ou seja, ao meio ambiente, às pessoas, à
economia. Segundo os especialistas em recursos hídricos, o agravante da crise
da água vai além da falta de chuva e baixa nos reservatórios- o foco do problema
é gestão. Poder público, privado, sociedade civil, todos nós de alguma forma
corroboramos para o desperdício da água. Se houvesse consciência, educação e
políticas sérias de planejamento e gestão hídrica, não estaríamos hoje
discutindo a respeito de transposição. Nosso esgoto é diluído em água,
continuamos a varrer calçadas com mangueiras, os banhos continuam demorados, os
rios urbanos continuam sendo locais de lançamento de efluentes domésticos.
Mesmo alicerçados em um modelo de desenvolvimento distante do que preconiza a
sustentabilidade, alcançamos o título de região Metropolitana do Vale do
Paraíba. Mas vejam- precisaremos de água para assim nos manter. Logo a
sociedade será chamada para participar de audiências públicas e manifestações
contra a transposição do Paraíba do Sul e precisamos participar conscientes e
bem informados, para que a região, no futuro, não sofra ainda mais com perda
econômica e ambiental. Água que vai, não volta mais.